" Bora Baêa", Mariana vê seu time sair vencedor Mariana é paulista e só tem seis anos, mas já entende perfeitamente o que ...
![]() |
| "Bora Baêa", Mariana vê seu time sair vencedor |
Mariana é paulista e só tem seis anos, mas já entende perfeitamente o que significa um clássico Ba-Vi. Não importa se o duelo é entre jovens ou adultos: se as camisas tricolores e rubro-negras estão em campo, é Bahia e Vitória. Rivalidade em qualquer ocasião e que seu João já ensinou para a pequena filha Mari. Juntos com dona Margareth, a mãe da família, eles estiveram no Nicolau Alayon, nesta terça-feira, para acompanhar o duelo que teve contornos dramáticos e colocou o Bahia nas quartas de final da Copa São Paulo.
Até esta tarde, Mariana só sabia o que era um Ba-Vi pela televisão. Afinal, mora em São Paulo com seu João, baiano, e apenas durante os jogos da Série B é que havia ido ao estádio para incentivar o tricolor, mas nunca contra o maior rival. Apesar disso, em pouco tempo de vida, Mari já aprendeu o grito de guerra mais tradicional do clube do coração. Dos alambrados do estádio do Nacional, aos berros, ela apoiava durante o confronto: "Booooooora Baêêêêêêa".
Entre os aproximadamente mil torcedores que frequentaram o Nicolau Alayon, certamente ninguém se envolveu mais com a partida do que ela, Mariana. Entre a confortável numerada, onde estavam os pais, ou o calor do alambrado junto ao campo, ela não teve dúvida. A dois metros do gramado, corria até e incentivava sem qualquer tipo de frescura. Nem a chuva forte que apareceu no segundo tempo lhe conteve, inclusive.
Enquanto o Bahia marcava em cima e buscava o gol da classificação, Mariana ganhou uma capa de chuva de presente. Nessa altura, o que parecia ser uma garoa já havia se transformado em um toró, como se diz em São Paulo. Toda molhada, ela resolveu se proteger e voltou ao alambrado. Em seis anos de vida, também já aprendeu que apoio da torcida faz diferença no futebol.
Em campo, os jogadores dos dois times ainda não são profissionais, mas já entendem e muito bem, há anos, como se vive um Ba-Vi. Em alguns segundos de jogo, o rubro-negro Alan Pinheiro teve a malandragem de um veterano para acertar um soco no rosto do lateral tricolor Jussandro e passar despercebido. Antes mesmo do primeiro minuto, o clima de rivalidade se fazia presente no clássico das oitavas de final da Copa São Paulo. Assim se desenrolou durante os 90 minutos.
O duelo entre Bahia e Vitória, não é clichê, teve ingredientes para ser classificado como um confronto épico. Dois jogadores rubro-negros foram expulsos, a pancadaria comeu solta e até a chuva apareceu para fazer parte da partida. Jussandro, o lateral do Bahia, parecia perseguido dentro de campo e apanhou várias vezes com a conivência da arbitragem. De lados opostos do estádio, dirigentes dos dois clubes acompanhavam o jogo com tensão. Perguntados sobre o clima de violência, Newton Mota, superintendente da base tricolor, e João Paulo Sampaio, coordenador da base rubro-negra, tiveram a mesma resposta: "isso é Ba-Vi".
Por isso, quando Luis Adauto surpreendentemente marcou nos acréscimos para o combalido Vitória, é provável que nenhum torcedor no estádio tenha se surpreendido. Nem quando, nos pênaltis, o Bahia venceu por 4 a 3 e silenciou os torcedores rubro-negros sentados na numerada coberta no estádio do Nacional. Infiltrada entre eles, curiosamente, estava Mariana, que aos seis anos ainda pode se dar ao luxo de ignorar os códigos de ética que fazem parte do futebol. Aos gritos de "Bora Baêêêa", deixou o Nicolau Alayon de volta para casa. Ainda sem conhecer uma das lições do esporte: o que é uma derrota em clássico contra o maior rival.
Por: Terraesportes


COMENTAR